O outro lado da Feira de Milão – Fuorisalone 2022

Muito se fala da Feira de Milão, o maior evento do mundo do setor moveleiro, que acontece na cidade mais cosmopolita da Itália.

Porém existe algo sensacional que desperta a criatividade, muito dinâmica e ganhou meu coração há anos.

O Fuorisalone é um evento anual que ocorre em conjunto com o Salone Del Mobile e, juntos, eles definem a importante Milan Design Week (Semana de Design de Milão). Juntamente com o Salone Del Mobile, este evento é o mais importante do mundo no que se refere a apresentação de novidades em diversos setores.

O Fuorisalone é, portanto, um conjunto de eventos distribuídos em diferentes áreas de Milão e não pretende ser um evento de feiras como seu “irmão”, o Salão do Móvel. Além do mais, ele não tem uma organização central e não é gerido por um único órgão institucional. Na verdade ele ‘nasceu’ espontaneamente no comecinho da década 80 e surgiu da vontade de empresas que atuam no setor do Mobiliário e Design Industrial para que eles pudessem mostrar suas criações. Poucos sabem que foi pelas mãos de Gilda Bojardi, diretora da aclamada revista de arquitetura e design Interni.

Hoje, o evento paralelo que agita os quatro cantos da cidade ganhou força e notabilidade. Do pátio da Università Degli Studi di Milano aos bairros de Brera, Tortona, até chegar na periferia. O Fuorisalone se popularizou.

Vale destacar que andamos pelas ruas charmosas, cheias de vida e vamos entrando em cada portinha para descobrirmos artistas incríveis ou em portonas com suas marcas mega conhecidas. A chance é para todos.

Vou destacar o que este ano de 2022 me surpreendeu e chegou a tirar o meu fôlego… Sim eu sou dessas emocionadas pelo design.

HERMÈS

A grife francesa Hermès, apresenta sua nova linha de tecidos para casa, além de móveis e acessórios no Espaço la Pelotta, em Brera, com uma instalação cenográfica. O cenário é surpreendente, pela sua simplicidade e ao mesmo tempo pela sua potência: desta vez tudo é pensado em nome da leveza, como um desafio à gravidade, que se expressa através da apresentação dos objetos para a casa.

Tudo exposto dentro de quatro estruturas, em forma de torres, em madeira e papel translúcido de modo a irradiar a luz por dentro e por fora. Detalhe: o material depois será totalmente reciclado. Em cada um das torres, peças da coleção Hermès para decoração. Mantas e tapeçarias de Cashmere, um dos materiais preferidos da Maison, uma fibra natural infinitamente delicada que combina resistência e cores vivas. A fabricação é feita com tiras de cashmere que formam desenhos quadrados e depois o tecido é tingido à mão, criando uma colcha de retalhos de cores brilhantes. Formas geométricas que evocam os mosaicos. 

Entre as peças , o destaque vai para os banquinhos de bambu com fibra de carbono que internamente mesclam tecnologia e artesanato: delicadeza e resistência em uma única peça. 

 

 

 

ÉTEL

No showroom da Étel no Fuorisalone, a marca brasileira de móveis de luxo, capitaneada por Lissa Carmona, o público internacional pode conhecer um pouco mais do projeto “uma estória de dois continentes”, com obras de dois grandes nomes do design: Jorge Zalszupin e Cristina Celestino. Para homenagear o centenário de Zalszupin, arquiteto e designer polonês naturalizado brasileiro na década de 1950, a Étel lança pela primeira vez em Milão peças icônicas do designer, com uma retrospectiva histórica.

A outra coleção, batizada de Panorama, traz a assinatura da talentosa designer milanesa Cristina Celestino, hoje uma das mais reconhecidas no cenário internacional e italiano. A italiana uniu a beleza das madeiras brasileiras e a pedra vitória-régia para criar sofás, mesas de centro, aparadores, poltronas, namoradeiras e floreiras da nova coleção com a inclusão de materiais italianos.

DIOR BY STARK

Um show de música e luzes que me emocionaram, Dior teatralmente apresentou a releitura da cadeira medalhão por Philippe Stark.

Apresentada em diversas cores, em um palco individual para cada peça, formou uma verdadeira dança das cadeiras, a cada compasso musical, uma luz focava em determinada cor.

Após ver as protagonistas triunfarem, pudemos passear pelo Palácio Citterio, exuberante, o que tornou a experiência ainda mais interessante.

Bom, eu poderia escrever por 5 dias sem parar e contar para vocês as maravilhas que vivenciei na Fuore, mas resumindo meu sentimento: eu gosto mais da feira paralela do que a própria Isaloni com seu ar comercial, justamente pela descontração e liberdade das ruas italianas.

AUTORA: GISELE BUSMAYER

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